O
cenário de guerra parece uma constante no futuro do Afeganistão. Os atentados
não voltarão a manchar de sangue os boletins de voto embora não pareça que o
sangue afegão vá parar de jorrar vítima
da ocupação estrangeira e da tirania interna. No entanto as vidas perdidas e a
marcha contínua dos processos sobre os corpos tem tido um efeito positivo.
Camus disse um dia, sobre a arte e a estética do realismo socialista soviético que “esta estética que pretendia ser realista, transforma-se então num novo idealismo, tão estéril, para um verdadeiro artista, como o idealismo burguês”.
O processo de humanização da sociedade contemporânea, sofre evidentes retrocessos muito por culpa dos governos reféns e subvertidos ao capitalismo. Estes, desistiram de apostar no modelo social para insistir no modelo capitalista neo-liberal. Este modelo que tem fomentado as desigualdades e provocado a asfixia económica, é o principal responsável por um mundo cada vez menos sustentável.
Qual o significado da votação dos eleitores portugueses no último dia 27 de Setembro? A políitca neo-liberal no governo com maioria absoluta foi derrotada. Mas a política neoliberal praticada pelo PS recebeu ainda assim o voto necessário para prosseguir no governo mas apoiada numa maioria relativa. Os partidos das políticas neolibeais – PS, PSD e CDS – receberam ainda o voto maioritário dos portugueses.
A tese de que o mundo de hoje tem de ser pensado a partir da
globalização, um facto inelutável, não elimina a crítica a esse
processo e às várias leituras dele. Este número de A Comuna é dedicado
à critíca do social-liberalismo da chamada Terceira Via que viu todas
as suas permissas e conclusões ideológicas esboroarem-se na recente
crise. BAIXAR PDF
Devemos esclarecer todos os leitores
que todos os artigos sobre o tema desta revista, a governabilidade,
foram escritos antes das eleições legislativas de 27 de Setembro. A
actualidade do tema e de cada um dos artigos não foi beliscada com a
realização daquelas.
Cabe perguntar, que se entende por
governabilidade?
Aqui a política é mera aritmética: quem, por
si ou com outras formações garante a maioria parlamentar, ou quem
se propõe associar-se a outros mais fortes para o mesmo efeito.
Não
se trata de discutir um "bom" governo, ou a intencionalidade
dele, simplesmente o poder pelo poder.